sábado, 8 de fevereiro de 2014


001. Abertura

          Camilo Castelo Branco manteve estreitas relações com Viana do Castelo. Tudo começou com conhecimento dos irmãos Barbosa e Silva. Trocou com eles correspondência, em particular e intensamente com José, o benjamim da família, tendo-se tornado seu paciente credor, em momentos de aperto económico, e confidente incondicional, nas delicadas situações afetivas. Correspondeu-se, ainda, com outras personalidades de Viana, nomeadamente com o escritor José Caldas e Sebastião de Sousa, redator principal de A Aurora do Lima.
Camilo colaborou neste jornal vianês e teve dois dos seus romances – Cenas da Foz e Carlota Angela – depois de publicados em folhetins, logo editados em livro, na empresa d’A Aurora do Lima. Durante cerca de dois meses, residiu, em modesta casa, infelizmente destruída há cerca de meia dúzia de anos, situada nos arredores da cidade, período em que foi redator principal, senão único, d’A Aurora.
Por outro lado (ou em contrapartida), o Escritor faz referências, em várias obras, sempre de forma simpática, tanto aos irmãos Barbosa e Silva, como à cidade de Viana do Castelo e a outras terras do distrito.
Assim, se temos Camilo em Viana, temos também Viana em Camilo. É à análise crítica desta indelével cadeia de relações que me tenho dedicado, ultimamente, ora em artigos nas revistas A Falar de Viana e Cadernos Vianenses, ora, e principalmente, no blogue «e-eterno retorno».
Chegou a altura, porém, de reunir num único blogue, tanto os artigos e posts já publicados, como os que, sobre a mesma temática, vier a publicar nas referidas revistas ou em outras publicações. E, enquanto blogger, a partir de agora, apenas neste sítio.

Comentários, informações, críticas e sugestões pertinentes, que possam completar e corrigir este blogue e que, sobretudo, contribuam para um melhor e mais aprofundado (re)conhecimento das indeléveis relações de Camilo com Viana ou de Viana com Camilo, serão sempre bem-vindos. O meu obrigado, desde já.

Em «e-terno retorno», publiquei já os seguintes posts, sobre as relações de Camilo com Viana do Castelo:

1)      Coisas da arca do velho - A propósito dos 188 anos do nascimento do romancista (16/III/1825), reprodução de carta (integral), assinada com o pseudónimo João Júnior, dirigida ao «Tolerantissimo redactor» d’A Aurora do Lima e aqui publicada em 02/X/1856. Nela, Camilo anuncia o início da publicação de Cenas da Foz e dá indicações como quer o respetivo «frontispício».

2)     Camilo e os irmãos Barbosa e Silva [01] - Primeira referência literária de Camilo a Viana. O escritor passa a Páscoa de 1853 na companhia dos amigos vianeses e deixa, no álbum de José Barbosa e Silva, um pequeno texto em prosa.

3)     Camilo e os irmãos Barbosa e Silva [02] – Segunda referência literária de Camilo a Viana. Depois de ter assistido às cerimónias da Semana Santa, que muito o impressionaram, e da Páscoa de 1853, o Escritor despede-se do amigo José Barbosa e Silva, deixando-lhe um poema no álbum. A propósito, são transcritas duas cartas que Camilo dirigiu, logo que chegou ao Porto, aos amigos Barbosa e Silva: uma ao José e outra ao Luís.

4)     Camilo e os irmãos Barbosa e Silva [03] – Primeira carta de Camilo a José Barbosa e Silva, e referência explícita ao amigo vianês, em A Mulher Fatal.

5)     Camilo e os irmãos Barbosa e Silva [04] (A penúria do escritor, em cartas de cinco anos) - Abordo a permanente situação de penúria económica em que Camilo viveria, refletida nas cartas que escreveu a José Barbosa e Silva, entre 1850 e 1854. Por outro lado, vê-se como o amigo vianês foi atendendo aos frequentes e, por vezes, aflitos pedidos de dinheiro do Escritor. Este post termina com a transcrição integral de uma longa carta dirigida ao amigo de Viana, reveladora da idiossincrasia de Camilo.

6)     Camilo e os irmãos Barbosa e Silva [05] – Cartas de Camilo para José Barbosa e Silva, anunciando, pedindo ajuda e relatando evolução da edição de Um Livro (1854), coletânea de poemas, que o Escritor oferece/dedica ao amigo. Com a morte deste (16/IX/1865), o Escritor dedica Um Livro à sua memória. A propósito, transcrevo a carta que escreveu ao Luís, irmão do falecido.

7)     Camilo e os irmãos Barbosa e Silva [06] – A propósito da edição de Um Livro, refiro a produção poética do Escritor até 1854. Transcrevo, também, dois poemas incluídos no volume: um, integral, oferecido/dedicado a José Barbosa e Silva; outro, parcial, onde aparece a palavra Solidão, título que Camilo pensou, de início, dar ao volume. Apresento, ao mesmo tempo, as alterações que, nos dois poemas, o Escritor introduziu nas 2:ª e 3.ª edições, bem como nos respetivos prefácios.

8)     Camilo e os irmãos Barbosa e Silva [07] – São indicados os «primeiro balbuceios poéticos» que José Barbosa e Silva publicou em vários jornais ou revistas, sob a proteção e incentivo de Camilo. Cartas de 1851, onde o Escritor se refere à atividade literária do amigo vianês e à sua própria, nomeadamente, quanto ao livro de poemas Inspirações.

9)     Camilo e os irmãos Barbosa e Silva [08] – Duas cartas de Camilo, datadas de 1852, em que volta a incentivar o amigo de Viana à escrita, apoiando-o nas suas iniciativas ou projetos literários e/ou jornalísticos, sem desfalecimento nem olhar a males de inveja.

Até breve!

Nota1 - Quero deixar claro que não sou camilianista, nem especialista em Camilo. Sou, apenas, um simples e modesto leitor da sua vastíssima obra, que quanto mais se lê, mais e melhor se aprecia. Não dispenso a camiliana passiva.
Nota2 - A imagem da "sala de visitas" de Viana - Campo do Forno, depois Praça da Rainha e atual Praça da República - foi recolhida AQUI. O original encontra-se no Museu de Viana do Castelo. É desenho aguarelado, de autor anónimo, datável de meados do séc. XIX.
Nota3 -  O retrato de Camilo é recorte feito por mim sobre cópia fotográfica de estampa encontrada no livro Bibliographia Camilliana (1894), de Henrique Marques.

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